Recebe o nome de Umbanda um dos vários cultos religiosos sincréticos surgidos no Brasil entre os séculos XVI e XX, fruto do contato dos diferentes povos que contribuíram para a formação cultural e religiosa da população.
A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), católicos (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos negros Africanos), Espiritismo (fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual).
Prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
Seu principal lema é dar de graça o que de graça receber com amor, humildade, caridade e fé.Há discordâncias sobre as cores votivas de cada orixá conforme a região do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao santo sincretizado a cada orixá. Normalmente o sincretismo religioso de orixá e santo católico é feito da forma abaixo.
Alguns exemplos:
São Jorge, sincretizado com o orixá Ogum
Exu - Santo Antônio, no Rio de Janeiro, chamado de Bará, no Rio Grande do Sul.
Ogum - São Jorge, principalmente no centro-sul do Brasil e Santo Antônio, na Bahia.
Oxóssi - São Sebastião, principalmente no centro-sul do Brasil, e São Jorge, na Bahia.
Xangô - São Jerônimo, São João Batista e São Miguel Arcanjo.
Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora da Conceição - São Paulo.
Oxum - Nossa Senhora de Aparecida e em alguns lugares Nossa Senhora da Conceição.
Iansã - Santa Bárbara.
Omolu - São Roque e São Lázaro.
Nanã - Sant'Ana.
Ibeji - Cosme e Damião.
Oxalá - Jesus Cristo.
Zambi ou Olorum - Deus.
Origens, História:
A palavra umbanda deriva de m'banda, que em língua quimbundo (língua nacional de Angola) significa "sacerdote" ou "curandeiro". O culto irá combinar elementos da filosofia espírita kardecista, dos vários cultos afro-brasileiros, tradições indígenas, do cristianismo católico e modernamente, conhecimento vindo de cultos esotéricos. Por ter nascido e se desenvolvido nas classes mais humildes da população brasileira, a condução e filosofia do culto muitas vezes ainda difere, havendo visões até mesmo conflitantes acerca de vários conceitos da religião entre seus praticantes.
O sincretismo religioso no Brasil, ou seja, a mistura de concepções, fundamentos, preceitos, ritualísticas e divindades se processou num quádruplo aspecto: negro, índio, católico e espírita porque outros foram menos dominantes ou de modo superficial e restrito a certas áreas.
Apesar do desenvolvimento nas classes mais humildes, a umbanda tem um registro histórico de seu nascimento, e até uma hora determinada a ser considerada. A história da umbanda nas suas primeiras décadas se confunde com a de Zélio Fernandino de Moraes, natural de Niterói, capital do então estado do Rio de Janeiro. Zélio, acometido de estranha paralisia que desafiava os médicos, certo dia levantou-se do leito e declarou: "- Amanhã estarei curado." No dia seguinte, realmente, o jovem de 17 anos não aparentava qualquer sinal da doença que o assombrou.
O marco inicial surge com a escravatura do índio feita pelos primeiros colonizadores no Brasil. Entretanto, o aborígene pelas suas características de raça, de elemento da terra, conhecedor das matas, espírito guerreiro exaltado, sem qualquer organização com um rudimento de estrutura social, tendo a liberdade como apanágio de toda sua vida, não aceitou o jugo da escravidão.
Tinha, contudo, uma crença no espírito e suas religiões. A influência do índio contribuiu para a formação da Umbanda fornecendo elementos da sua mitologia e cultivos, tais quais, a Pajelança, o Toré, o Catimbó, entre outros. Ademais, o caboclo, ancestral do índio que incorporava em suas manifestações, foi consolidado na prática umbandista
Na época das senzalas, os negros escravos costumavam incorporar o que se conhece hoje como pretos-velhos, antigos escravos, que ao se manifestarem, compartilhavam conselhos e consolo aos escravos.
O sincretismo católico, produto da simbiose dos cultos de escravo e escravocratas no Brasil, chegou a tal ponto que se cultiva um orixá com nome e imagem do santo católico, não se podendo diferenciar em certas exteriorizações onde começa um onde termina o outro.
São flagrantes os casos de São Jorge, Ogum, Nosso Senhor do Bonfim, Oxalá, São Cosme e São Damião, Ibeji, e Santa Bárbara, Iansã. Não raro, muitos chefes de terreiro mandam rezar missas e se declaram também católicos, além de haver um grande número de praticantes que frequentam as duas religiões. Houve, portanto, uma consolidação do santo católico, admitido já sob o aspecto de espírito superior, de guia-chefe ou como orixá, enquanto os candomblés procuraram mais se distanciar do sincretismo e não aceitar as imagens.
Na descrição do ritual cabulista é identificado o bater das palmas, as vestes brancas, a disposição das velas em sentido cabalístico como nos riscados, a engira, hoje gira, o modo de aceitar um novo membro do corpo de médiuns da casa, em alguns a iniciação dos profitentes do culto, a chegada do santé que é o santo como hoje se diz, a marcação de pontos, além do cambone, o chamado assistente cambono.
Muitas vezes demonizada e vista como culto maléfico, a umbanda deve ser entendida como uma religião, que busca preencher um conceito filosófico-religioso importante ainda nos dias de hoje, a atenção aos excluídos. Tal ideia de "inclusão religiosa" pode ser melhor entendida ao se analisar a origem da religião.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, serem generalizados.
São eles:
- A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, pode receber os nomes Zambi, Olorum ou Oxalá. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo Tupã, para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus.
- O compromisso com "a manifestação do espírito para a caridade". O que significa que a ajuda ao próximo não ser retribuída em dinheiro ou valor de qualquer espécie.
- Ritual variando pela origem.
- Vestes, em geral, brancas.
- O não sacrifício de animais.
- Altar, Congá ou Peji com imagens católicas, pretos-velhos, caboclos, baianos, marinheiros e boiadeiros.
- Bases: africanismo, espiritismo, amerindismo, catolicismo.
- Serviço social constante nos centros.
- Magia branca.
- Batiza, consagra e casa.
- O culto aos orixás como manifestações divinas.
- A manifestação dos guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos", também chamados de "cavalos".
- O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifestado de diferentes formas.
- Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro.
- A crença na imortalidade da alma.
- A crença na reencarnação e nas leis cármicas.
- Muitos terreiros se baseiam, embora não sigam a risca - pelo fato de existirem outras vertentes de pensamentos e práticas - em uma "Carta Magna de Umbanda" discutida e eleita através do Médium Ortiz.
Zélio de Moraes
Zélio de Moraes era branco, classe média, e filho de um espírita kardecista. Ele afirma que, em 1920, o espírito que encarnara como o jesuíta Gabriel Malagrita, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se revelou a ele e lhe disse que ele seria o fundador de uma nova religião, genuinamente brasileira dedicada a dois espíritos brasileiros: O caboclo e o preto-velho. Ambas essas entidades eram frequentemente rejeitadas e tidas como atrasadas pelos kardecistas.
Em meados dos anos 20, Zélio fundou seu primeiro centro de Umbanda e nos anos seguintes vários outros centros de Umbanda foram fundados por iniciativa do seu caboclo que assumira essa denominação porque não haveriam caminhos fechados para mim.
Como Zélio, os primeiros fundadores de centros de Umbanda eram antigos kardecistas e de classe média branca. Eles consideravam o Espiritismo Kardecista inadequado, pois eram médiuns de caboclos e pretos-velhos. Portanto, adquiriram gosto pelos espíritos africanos e indígenas da Macumba, os quais acharam muito mais competentes e eficientes que os espíritos kardecistas para o atendimento e cura de doenças.
Além do mais, os rituais da Macumba eram considerados mais emocionantes que as sessões pouco ritualizadas do Espiritismo Kardecista. Se os então kardecistas foram inspirados por certos aspectos da Macumba, entretanto, repeliram outros, tais quais, os sacrifícios de animais, os exus, considerados espíritos ruins, além da conduta frequentemente grosseira e o ambiente social baixo dos centros de Macumba. (Brown 1994: 38-41). É importante frisar que a Tenda Espírita São Jorge, ao contrário das demais fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sempre realizou sessões de exu, contrariando o ritual estabelecido.
Além do mais, os rituais da Macumba eram considerados mais emocionantes que as sessões pouco ritualizadas do Espiritismo Kardecista. Se os então kardecistas foram inspirados por certos aspectos da Macumba, entretanto, repeliram outros, tais quais, os sacrifícios de animais, os exus, considerados espíritos ruins, além da conduta frequentemente grosseira e o ambiente social baixo dos centros de Macumba. (Brown 1994: 38-41). É importante frisar que a Tenda Espírita São Jorge, ao contrário das demais fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sempre realizou sessões de exu, contrariando o ritual estabelecido.
Culto aos orixás
Na Umbanda os orixás não incorporam, são periféricos, devido à sua posição elevada na hierarquia, eles permanecem na esfera astral. Porém, raramente são incorporados pelos médiuns a não ser na forma de falangeiros ou mensageiros. No entanto, em algumas casas os caboclos e pretos-velhos têm tomado na Umbanda a posição que os orixás tradicionalmente ocupam no Candomblé. Normalmente os orixás cultuados são Oxalá, Omolu, Iemanjá, Oxum, Nanã Buruquê, Oxóssi, Xangô, Ogum e Iansã.
O culto umbandista
A Umbanda tem como lugar religioso o templo, centro, tenda ou terreiro, o local no qual os umbandistas se encontram em sessões, giras ou cultos para promover atendimentos espirituais por meio da incorporação dos seus guias e entidades.
O chefe é o pai ou mãe de santo, mais correntemente chamado de sacerdote umbandista. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do templo. São quem coordenam as giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.O culto nos terreiros geralmente é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta e são subdivididas em giras.
se gostou não deixe de compartilhar ;)
Nenhum comentário:
Postar um comentário